Laurinda Fora da Estrada

 

Os senhores que jogam carteado na praça lançam um olhar curioso para o fusca 77 amarelo que chega ao Distrito Rural. Não que seja estranho ver um fusca por ali, mas esse é o Fusca Zé, que vem carregando duas grandes cornetas de som (como o carro da pamonha), tocando a música composta por Tonho Costa e em seu interior sim, dois pamonhas: Lambreta e Mereceu.

O Fusca Zé percorre as ruas com suas luzes brilhantes e uma voz esganiçada que convida os moradores para o espetáculo que acontecerá daqui a pouco. Onde? Na praça da igreja, o melhor lugar para reunir o pessoal e apanhar sorrisos.

Durante todo o percurso, Lambreta e Mereceu brincam com as pessoas que passam na rua, com a mulher que está lavando a calçada, com as crianças que empinam pipa e até com a sogra que está na janela. O importante é que todos saibam que o Triolé está por ali e isso é sinônimo de riso frouxo.

E os risos já começam a afrouxar antes mesmo do espetáculo começar. Nesse passeio já é possível encontrar alguns risos tímidos, risos escrachados, risos inocentes, risos banguelas, e até alguns risos engolidos (aqueles em que a cara está fechada, mas a gente tem certeza que por dentro tem um riso escondido).
Os Distritos Rurais são lugares pequenos, e em aproximadamente uma hora de passeio, o Fusca Zé encontra e reencontra o pessoal, fala e repete, lembrando que o Triolé está por ali e que o espetáculo vai começar.

Na praça da igreja, o som começa a ser montado. Uma barraca, lembrando uma pequena lona de circo toma seu espaço e em frente à ela, o Fusca Zé. Afinal, apesar de não atuar diretamente nesse espetáculo ele é quem fornece energia elétrica para toda a apresentação. As pessoas passam e olham curiosas a movimentação do pessoal: O Borracha (técnico de som e palhaço) puxando fio, carregando caixa de som, ligando computador, testando as músicas. A Gabriella (produtora e contateira – aquela que faz contatos) conversa com o pessoal, ajuda a pensar no melhor local para a apresentação, compra comida para os palhaços, registra as ações e divulga na “ternéti”. O Lafaiete (fotógrafo e palhaço) fotografa e filma tudo que acontece por ali – aliás todas essas fotos aqui são dele. E os palhaços Lambreta e Mereceu? Sobrou alguma coisa pra eles? montarbarracadirigirfuscachamarpúblicoprepararmaterialcolocarfigurinoemaquiagemfazerrir

Ao final da missa o público começa a sair da igreja e se aproxima do espaço de apresentações, a música começa e Lambreta inicia o espetáculo, fazendo malabares com um banquinho, acrobacia com um paletó e chapéu, tourada com o público. Mereceu entra e amarra todo o público que está assistindo e quem não está também, para garantir que todos fiquem por ali. Os dois começam uma disputa para saber quem vai ficar com a palhaça Laurinda, que é a estrela de uma matéria de jornal. Os risos vão tomando forma, alguns mais altos, outros disfarçados. Às vezes é possível recolher algumas centenas deles ao mesmo tempo. E os palhaços não perdem tempo, recolhem um a um cada sorriso daqueles adultos, crianças, senhores e senhoras. Ao final, conforme a tradição do teatro de rua, o chapéu é passado por todos, por que o riso preenche a alma e o dinheiro o bolso.

O Triolé tem por princípio levar a arte para locais onde não chegam espetáculos ou ações artísticas com frequência. Seus espetáculos são sempre pensados para espaços abertos e públicos. E nesse sentido, o Fusca Zé é essencial, porque hoje o grupo utiliza o carro como seu ponto de energia para ligar todos equipamentos necessários, sendo possível apresentar os espetáculos em qualquer lugar.

“Laurinda fora da Estrada” é a circulação pelos Distritos Rurais de Londrina, um projeto aprovado pelo Promic – Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina. Entre agosto e novembro de 2016, o Triolé percorreu os Distritos Rurais de Warta, Regina, São Luiz, Guaravera, Maravilha, Paiquerê, Irerê e Lerrovile.

No total, foram nove apresentações, uma a mais que o previsto no projeto ( Patrimônio Regina recebeu duas), aproximadamente 950 pessoas assistiram o espetáculo, o Fusca Zé percorreu em torno de 700 km e indiretamente o grupo levou ao conhecimento de 10.000 pessoas (com o passeio do carro de som) que aconteceu um espetáculo naquele distrito.

E esse tipo de ação não é de hoje. O Triolé nasceu em 2010 e de lá pra cá sempre se apresentou nesses locais: em 2015 também circulou por cinco Distritos Rurais de Londrina. Já viajou por dez cidades de pequeno porte do Paraná, se apresentou em diversos bairros afastados de Londrina e outras cidades do Brasil, e ainda possui sua sede (a Vila Triolé Cultural) em um bairro afastado do centro da cidade de Londrina, reforçando a proposta do grupo.

Então, se você vir por aí um fusca amarelo com dois palhaços dentro, corre pra praça, porque Hoje Tem Espetáculo do Triolé!!!

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